COM OU SEM EXPOSIÇÃO CAMBIAL? INVESTIMENTO NO EXTERIOR É FLEXÍVEL E ACESSÍVEL

COM OU SEM EXPOSIÇÃO CAMBIAL? INVESTIMENTO NO EXTERIOR É FLEXÍVEL E ACESSÍVEL

Investidores agressivos ou conservadores, de varejo ou institucionais. Seja qual for o perfil, existem possibilidades de diversificação internacional para todos os gostos, com ou sem hedge aos riscos de moeda.

Com ou sem exposição cambial?
Cindy Shimoide, Head de Consultoria de Investimentos Multi-Ativos para América Latina da BlackRock

Investimentos locais, por si só, costumam gerar muitas dúvidas entre os investidores. Quando o tema ultrapassa fronteiras e se torna global, os questionamentos aumentam de volume. É natural. E um componente do portfólio com diversificação internacional costuma chamar bastante atenção: a exposição cambial.

Expor ou não os recursos financeiros aos riscos de uma moeda estrangeira impacta a volatilidade da carteira. Embora essa estratégia possa ser interpretada por muitos investidores como algo arriscado, na realidade pode ser uma prática saudável e benéfica à carteira especialmente no longo prazo.

Isso porque assumir novos riscos, de maneira consciente, é fator importante para tentar balancear o portfólio por meio da diversificação e protegê-lo das oscilações do mercado local, o que pode permitir um melhor retorno de investimentos mesmo que o momento seja, por exemplo, de uma crise.

Cindy Shimoide, Head de Consultoria de Investimentos Multi-Ativos para América Latina, comenta as dúvidas mais comuns entre os investidores brasileiros. Ela destaca três dos principais conceitos que costumam ser interpretados de forma equivocada pelos investidores:

1. Inicialmente os investidores tendem a acreditar que exposição cambial é algo negativo.

O risco cambial, assim como qualquer outro risco, só será ruim se for desconhecido. É preciso tomar uma decisão de maneira informada e tomar riscos de maneira consciente, com um determinado objetivo e de acordo com o perfil de cada investidor para assumir riscos, medido por um processo sólido de suitability.

2. Um segundo ponto que gera mal entendidos é acreditar que a exposição cambial só é adequada para carteiras agressivas.

Na verdade, existem investidores de vários perfis de risco que buscam exposição não apenas cambial, mas também ao ouro, a setores específicos da economia global, à ativos sustentáveis. A grande motivação é a tentativa de aumentar a resiliência da carteira e reduzir o risco com estas exposições.

3. O terceiro conceito equivocado é achar que é caro fazer hedge e, por isso, que exposição cambial é algo complexo.

Para investidores que desejam a exposição a ativos internacionais, mas não necessariamente queiram a variação da moeda, custo de hedge não precisa ser motivo para não se investir em ativos sem hedge, porque é consideravelmente acessível tê-lo atualmente. O investidor individual pode fazer o hedge por conta própria, ou optar por comprar ativos já com o hedge. A maneira mais comum de se obter hedge por conta própria é via futuro de dólar, feita no mesmo financeiro investido no ativo internacional sem hedge.

Levando em consideração a diversificação internacional, qual é a principal vantagem de investir em ativos que possibilitam a exposição cambial?

O nome do jogo aqui é, realmente, diversificação, acho que essa é a grande vantagem. Diria até mais: diversificação é o principal motivo de investir no exterior, mas também considerar a exposição cambial na nossa carteira de investimento.

Quando citamos “exposição cambial”, estamos de fato falando de risco de moeda - aquela possibilidade de valor de um ativo reduzir ou aumentar por causa de mudanças na cotação da moeda. Ou seja, aquele valor relativo da moeda estrangeira com a moeda doméstica. E isso não precisa ser interpretado como algo ruim.

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Podemos ter o benefício dessa estratégia quando, por exemplo, encontramos um cenário no qual a moeda local, no caso o Real, se deprecia contra o Dólar americano, trazendo retorno adicional ao ativo estrangeiro, com o câmbio se movendo em favor do investidor doméstico.

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Cindy Shimoide Cindy Shimoide Head de Consultoria de Investimentos Multi-Ativos para América Latina

Em um cenário como o descrito em seu exemplo, é possível interpretar que a exposição à moeda estrangeira pode, na verdade, diminuir o risco do portfólio?

A ideia de diversificação é ter esse risco de moeda como uma fonte adicional e diversificadora de risco, incorporando-a na estratégia de investimento em benefício do investidor. Se aprofundarmos o tema, a diversificação ocorre basicamente por causa da correlação do Real ante o Dólar, contra os mercados internacionais. Um exemplo prático é se olharmos para a renda variável global, que nos últimos anos e no longo prazo, desde 2000, percebemos uma correlação negativa de -0.67 da moeda contra o mercado internacional.

Como consequência dessa correlação, a exposição cambial tem o potencial de reduzir o risco total da carteira, o que parece um pouco contraintuitivo, ou seja, adicionar o risco de moeda para reduzir o risco total da carteira. Em números, podemos ilustrar da seguinte forma: uma carteira 100% doméstica, composta tipicamente por CDI, crédito, inflação e fundos multimercado, por exemplo, apresenta risco em média entre 11 e 12%. Porém, se considerarmos até 10% em ativos no exterior, em uma estratégia global diversificada e com exposição cambial, esse portfólio tem potencial para reduzir o risco para 10,1%.

Toda estratégia de diversificação internacional conta com exposição cambial? Existem opções para quem prefere obter hedge?

A diversificação internacional não necessariamente implica em exposição cambial, porque atualmente existem produtos que oferecem hedge. Ou seja, há uma oferta muito grande de ativos com e sem exposição cambial, via ETF ou fundo de investimento. Mesmo que o produto não seja “hedgeado” pelo gestor, o investidor mesmo poderia fazer o hedge por si próprio e mitigar o risco da moeda estrangeira.

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Temos produtos com exposição internacional listados na bolsa brasileira. A nova regulação permite uma oferta ainda maior de ações e ETFs para todos os investidores via BDRs [Brazilian Depositary Receipts].

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Sabemos que ativos com exposição cambial tendem a apresentar uma volatilidade mais alta do que aqueles que não contam com a exposição. Fica a critério do investidor a escolha, de acordo com seu orçamento de risco e visão de mercado.

Você menciona ETFs internacionais. O IVVB11 é um fundo que tradicionalmente se enquadra nas estratégias de diversificação dos investidores, por replicar o S&P 500 e dar acesso fácil, a custo baixo, ao mercado no exterior. Qual seria a principal vantagem desse ETF, quando falamos de exposição cambial?

Um dos benefícios é justamente o fato de o IVVB11 não ter hedge e contar com exposição cambial. Ao olharmos para o risco desse fundo, que está ao redor de 20%, vemos que aproximadamente metade deste valor vem do risco de renda variável. A outra fatia vem da moeda, principalmente do Dólar americano. Essa diversificação de fatores de risco é importante. Interessantemente, este fundo conta com risco total inferior ao das ações brasileiras, como temos percebido pelo Ibovespa próximo a 26% de risco, ou seja IVVB11 apresenta um risco total inferior ao Ibovespa e mais diversificado, decorrente não apenas de risco de renda variável, mas também de risco de câmbio.

Para se ter uma ideia, em 2020, nos últimos 12 meses até o final de setembro, o IVVB11 já conta com mais de 50% de retorno anualizado, enquanto a bolsa brasileira está perdendo mais de 9%, ou seja, com retorno negativo Por isso, diversificação de ativos é importante.

Mesmo com muitas especulações no mercado sobre o Dólar, devido ao cenário econômico atual e as flutuações no preço, essa moeda ainda mantém sua força no Brasil? Vale a pena investir em ativos com exposição cambial quando o dólar parece já ter subido tanto?

Quanto à questão de investirodres estarem desencorajados a entrar no mercado internacional dado o patamar do dólar recente, nós fizemos um estudo para investigar se vale a pena ou não esperar o dólar baixar para entrar no mercado internacional com exposição cambial. O que vemos abaixo é que uma estratégia que conta com exposião cambial em renda variável no longo prazo acabou apresentando um retorno mais interessante do que uma estratégia sem exposição internacional e também uma estratégia onde se espera o ativo internacional cair pelo menos 10% antes de comprá-lo:

O “buy and hold” das ações dos EUA teve desempenho superior ao “buy and hold” de ações do Ibovespa, ao passo que o “esperar pela baixa” reinvestindo no CDI superou o reinvestimento no Ibovespa.

Chart currency exposure

Fonte: BlackRock, Bloomberg e MSCI de julho de 1994 até setembro de 2020 em reais. Para efeitos meramente ilustrativos.
“Buy and hold” (comprar e segurar): Comprar ações dos EUA (MSCI USA) ou Ibovespa em julho de 1994
“Esperar pela baixa”: Entrar no mercado após uma correção: o primeiro mês positivo seguido de uma queda de pelo menos 10%* com relação ao último pico do mercado. Vender depois de 12 meses* ou até que o mercado tenha se recuperado ao ponto em que o investidor comprou a ação, o que for mais longo. Enquanto estiver fora das ações, investir em CDI ou no Ibovespa.

Ou seja, historicamente valeu a pena manter uma exposição cambial no longo prazo ao invés de se tentar entrar e sair do ativo internacional dependendo de seu preço exposto à moeda estrangeira.

Qual seria sua recomendação para aqueles que ainda contam com certo receio em relação à moeda estrangeira?

Nós, brasileiros, já vivemos em um mundo exposto ao Dólar e, quando olhamos para investimentos, isso não deveria ser novidade. O aluguel de imóveis, por exemplo, tem a maioria dos contratos atrelado ao IGP-M e este índice, por conta da fórmula de cálculo, absorve muito a cotação do dólar. Outra evidência recente da nossa exposição ao Dólar são os preços de alimentos como arroz, feijão, óleo, todos estes itens essenciais da cesta básica, que com o dólar alto, acabam sendo priorizados para exportações, contribuindo para uma disparada de preços de alimentos no mercado interno

Outro ponto é que as vezes pensamos em exposição cambial como uma fonte de risco para descasamento de passivos ou de obrigações. Porque geralmente nossas obrigações ou as contas a pagar não estão atreladas a uma moeda internacional. Este é um argumento justo, mas não necessariamente 100% correto, dado que vimos que muito de nossa economia real acaba de maneira mais direta (como o caso do IGP-M) ou indireta (no caso dos alimentos) sendo impactada pelas variações do dólar.

Ou seja, a mensagem aqui é que o dólar já está presente e impactando a vida dos brasileiros. Espero que estes argumentos ajudem os investidores a perceber a exposição cambial como algo inerente ao nosso diana -dia, mesmo que não tão evidente, e que pode ser positiva, desde que consciente.

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