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COMO REVISAR OS INVESTIMENTOS DURANTE UM REGIME INFLACIONÁRIO?

Não é mais novidade que a inflação, impulsionada pela crise sanitária, iniciada em 2020, e exacerbada pelo impacto do conflito na Ucrânia, chegou e ganhou tração globalmente. E sua alta persistente implica em saber conviver com ela por um bom tempo. Como esse cenário impacta os investimentos?

KEY TAKEAWAYS

  • A inflação no Brasil para 2022 está em 6,3%1.
  • A alta da inflação se tornou o centro das estratégias de investimento devido à preocupação em manter o poder de compra.
  • Investir em setores resilientes e incorporar a diversificação internacional no portfólio pode fornecer proteção na atual volatilidade.
  • Entender a dinâmica para viver durante um período de alta inflação e focar em investimentos de longo prazo é a chave.

A inflação alta ultrapassa as fronteiras do mercado financeiro. Ela é o tema central em lares, supermercados e estabelecimentos comerciais de diversos setores. E nos investimentos, como esse contexto se desenvolve?

Por mais que o tema se torne um assunto recorrente, alguns investidores conseguem encarar a situação de forma mais equilibrada quando se tem o foco no longo prazo.. Isso porque, ao analisar o comportamento de cada setor, as decisões dos bancos centrais e, até mesmo as oscilações do câmbio, é possível encontrar ondas de oportunidades em meio a períodos turbulentos tanto na economia global quanto local.

POR QUE AGORA É DIFERENTE?

Os períodos inflacionários costumam ser curtos. Dessa vez, há uma persistência, atingindo uma variedade de bens de consumo que vai desde a alta no preço de carros, ao valor do corte de cabelo e o combustível. Isso causa uma reação, de modo geral, entre consumidores e investidores, além de provocar discussões em Bancos Centrais em busca de soluções.

Em uma rápida recapitulação:

  • Em março, o Banco Central do Brasil revisou sua previsão de inflação para 2022 para 7,1%1.
  • A taxa Selic atingiu 11,75%, seu maior nível em cinco anos.
  • A volatilidade do mercado e a guerra na Ucrânia pressionam a inflação.

Axel Christensen, nossa Estrategista Chefe de Investimento na América Latina, reforça que globalmente, assim como no Brasil, os ajustes nas taxas de juros pelos bancos centrais, a alta na inflação e o contexto de volatilidade que predomina são razões para o cenário inflacionário ter se tornado o centro de como investidores pensam seus investimentos.

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As pessoas se preocupam em não perder seu poder de compra quando a inflação está alta. E isso é a chave para entender o momento atual. Esta conversa surge entre os clientes [da BlackRock] e abre espaço para perguntas: como protejo a receita, os investimentos? Como posso garantir a manutenção do meu custo de vida quando a inflação está tão alta? Definitivamente, ter uma abordagem diversificada, inclusive internacionalmente, é muito importante, porque alguns setores ou países terão uma capacidade de maior flexibilidade ou resiliência durante a inflação.

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Axel Christensen Axel Christensen Estrategista Chefe de Investimento na América Latina

DINÂMICA DO REGIME INFLACIONÁRIO

É possível observar a dinâmica do regime inflacionário global a partir de três pontos principais2:

  1. Restrições nas cadeias de suprimentos
  2. Mudanças na atuação dos bancos centrais, como já foi exemplificado aqui
  3. Uma curva de rendimentos mais íngreme, devido ao foco nos investimentos de longo prazo para aumento de rendimento.

Compreender essas movimentações, somadas aos eventos locais de importância que também podem impactar a inflação, como questões políticas e econômicas, é fundamental para ter clareza no momento de revisar a estratégia de investimentos.

OPORTUNIDADES NO CURTO PRAZO

É importante ter em mente que a inflação pode trazer ao investidor brasileiro oportunidades que são bastante atrativas para as estratégias de curto prazo:

A oscilação do câmbio pode favorecer a valorização da moeda estrangeira e otimizar retornos de ativos internacionais.

  • Mesmo com uma leve desaceleração no valor do dólar americano, por exemplo, esta e outras opções de moedas estrangeiras, como o euro, tendem a ser mais valorizadas e contribuem para aumentar os retornos dos investidores brasileiros.

A alta da taxa básica de juros impulsiona a renda fixa.

  • Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central do Brasil elevou em um ponto percentual a taxa básica de juros, chegando em 11,75% a.a.1, decisão tomada dada as incertezas em torno do cenário econômico e a inflação.

Países que exportam petróleo, gás natural ou comida, por exemplo, observam que a receita dessas indústrias está crescendo, assim como seus bonds.

  • O Brasil conta com commodities que se encaixam nesse cenário e por esse motivo investir no mercado local pode ser interessante neste momento.

Porém, mesmo que persistente, períodos de regime inflacionário eventualmente chegarão ao seu fim.. Assim, ações e títulos vinculados a inflação seriam opções coerentes para se optar no momento.

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Mesmo com uma inflação alta e com uma postura dos bancos centrais contra a inflação, com o aumento das taxas de juros, alguns equities do setor de commodities em países emergentes podem ser mais atrativos do que bonds de renda fixa, por exemplo. Assim, a diversificação internacional se torna chave novamente.

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Axel Christensen Axel Christensen Estrategista Chefe de Investimento na América Latina

Então, se o objetivo é desenvolver uma carteira resiliente, que supere o período de inflação, o foco no longo prazo e a inclusão de componentes internacionais na diversificação são bons caminhos.

RISCOS: QUAIS SÃO?

O cenário de incerteza e o fato desse regime inflacionário prolongado ser uma novidade, do ponto de vista global, torna a tomada de decisões dos bancos centrais mais complicada. Dessa forma, fica difícil ter clareza quanto às consequências das ações adotadas para conter a pressão da inflação.

Isso As movimentações nas taxas de juros para tentar garantir o poder de compra, em meio a um momento de muitas incertezas, podem ser arriscadas para o mercado financeiro de forma geral, mas é preciso ponderar que se trata de uma situação atípica na economia internacional.

Assim, vale reforçar que o investidor pode se precaver aplicando proteção extra na construção do portfólio, não só com a diversificação, mas também pensando em investimentos duradouros.

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A maioria das pessoas acha que guardar dinheiro é apenas deixar o recurso em uma conta bancária, no entanto, se a inflação é mais persistente, isso não é o suficiente. Então, a melhor opção para poupar é investir de uma forma inteligente e com orientação profissional, focando no longo prazo.

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Axel Christensen Axel Christensen Estrategista Chefe de Investimento na América Latina

PERFORMANCE E SETORES: O QUE AVALIAR?

Não existem setores “vencedores” ou “perdedores” em uma inflação, mas sim aqueles se mostram mais resilientes e outros que ficam mais expostos. Tudo depende da habilidade de cada setor de se adaptar ao cenário inflacionário.

Por isso, é interessante reavaliar a composição do portfólio levando em consideração essa perspectiva e tendo em mente que cada classe de ativo também irá reagir de uma forma diferente à inflação.

Algumas opções de ETFs e BDRs de ETFs – inclusive de renda fixa - disponíveis no mercado brasileiro que refletem índices estrangeiros podem ser boas opções.

Estes são ativos que refletem índices estrangeiros e que são negociados localmente. Assim, contam com a praticidade e agilidade na compra e otimizam os custos, já que não é preciso realizar atividades como transferência de valores para contas fora do país e incluir mais taxas no processo. Em tempos de inflação, vantagens como estas ganham ainda mais destaque.

Para conhecer mais sobre ETFs e BDRs de ETF, acesse nossa guia.

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