
Carta anual do presidente Larry Fink para investidores de 2025
A democratização dos investimentos
Expandindo a prosperidade para mais lugares e pessoas
Ouço de quase todo o cliente, de quase todo líder e de quase toda pessoa com quem eu converso que a ansiedade relacionada à economia está maior do que nunca. Eu entendo o porquê. Mas vivemos momentos assim antes. E, de alguma forma, com o tempo, tudo se resolve.
Os seres humanos são criaturas inteligentes e resilientes, e criamos sistemas à nossa semelhança. Esses sistemas pegam a confusão ao nosso redor e a descomplicam, produzindo resultados surpreendentemente bons. Os computadores lidam com dados complexos (e agora com a linguagem) para nós. As cidades permitem que milhões de pessoas vivam lado a lado, normalmente de modo pacífico, e, em sua maioria, de forma produtiva.
Mas, de todos os sistemas que criamos, um dos mais poderosos e que é unicamente adequado para o momento em que vivemos, começou há mais de 400 anos. Esse sistema foi criado especialmente para superar contradições como escassez em meio à abundância, e ansiedade em meio à prosperidade.
Ele é chamado de mercados de capital.
De todos os sistemas que criamos, um dos mais poderosos e que é unicamente adequado para o momento em que vivemos, começou há mais de 400 anos. Ele é chamado de mercados de capital.
Quando a primeira bolsa de valores do mundo abriu em Amsterdã em 1602, investir se tornou um empreendimento mais democrático. Até esse momento, investir era reservado para comerciantes ricos. E, realmente, cerca de 90% dos 1.143 investidores na bolsa de valores de Amsterdã eram ricos. Mas os outros investidores eram pessoas comuns. Eles incluíam: 53 artesãos, oito lojistas, seis tecelões de seda, quatro fabricantes de sabão e pelo menos duas empregadas domésticas, que investiram 50 florins cada, o suficiente para alugar uma casa modesta por um ano.1
Mesmo quando os mercados de capitais cruzaram o canal e chegaram à Inglaterra, com um rígido sistema de classes, a Bolsa de Valores de Londres não começou em um palácio. Ela começou na Jonathan’s Coffee House no endereço Change Alley. Bispos e contadores investiam ao lado de fazendeiros que chegavam direto do mercado de gado, com as botas ainda cheias de lama. Alguns vieram para especular, mas muitos estavam lá para investir em novos empreendimentos, incluindo um especialmente promissor: o Banco da Inglaterra. Pela primeira vez, as pessoas comuns não eram apenas espectadoras do crescimento econômico. Elas compraram uma parcela desse crescimento, uma parcela real e comercializável.2
Quatro séculos depois, nossos mercados evoluíram dramaticamente e não são mais uma simples cafeteria de beco. Entretanto, em sua essência, eles ainda funcionam da mesma maneira — como um catalisador de prosperidade: as pessoas investem suas economias, os mercados canalizam esses fundos para empresas e indústrias, e todo o sucesso retorna aos investidores, ajudando-os a pagar a aposentadoria, uma faculdade e a casa. E a roda continua girando.
A participação de mercado cresceu exponencialmente na atualidade. Na primeira metade do século XX, o percentual de americanos que tinham ações aumentou de apenas 1% para 4%.3 Mas desde 1976, quando comecei meu primeiro emprego em Wall Street — ostentando um cabelo longo, joias turquesa e o terno marrom mais feio do mundo — investir ficou muito mais na moda (e, felizmente, eu também). Em 1989, pouco menos de um terço das famílias americanas tinham dinheiro na bolsa de valores; hoje, esse número é de cerca de 60%.4
Esses investidores se beneficiaram do maior período de geração de riqueza na história da humanidade. Nos últimos 40 anos, o produto interno bruto (PIB) global cresceu mais do que nos dois mil anos anteriores juntos.5 Esse crescimento extraordinário, impulsionado em parte, é preciso destacar, por taxas de juros historicamente baixas, gerou retornos excepcionais a longo prazo. Mas, claro, nem todas as pessoas receberam uma parcela dessa riqueza.
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The performance graph is not necessarily indicative of future investment performance.
Essa era extraordinária de expansão de mercado coincidiu com a globalização e foi amplamente alimentada por ela. E embora um mundo mais globalizado tenha tirado 1 bilhão de pessoas da pobreza que recebiam US$ 1 por dia, ele também impediu que milhões de pessoas em países mais ricos tivessem uma vida melhor.
Hoje, muitos países têm economias gêmeas e invertidas: uma em que as riquezas se acumulam; outra em que as dificuldades se acumulam. Essa divisão mudou a política, as políticas e até mesmo o entendimento do que é possível. O protecionismo voltou com força. A suposição tácita é que o capitalismo não deu certo e é hora de tentar algo novo.
Mas há outra forma de encarar essa questão: o capitalismo funcionou, mas para poucas pessoas.
Os mercados, como tudo construído por humanos, não são perfeitos. Eles são o nosso reflexo: inacabados, às vezes falhos, mas sempre passíveis de melhoria. A solução não é abandonar os mercados; é expandi-los, finalizar essa democratização que começou há 400 anos e permitir que mais pessoas tenham uma participação significativa no crescimento que acontece ao seu redor.
Nas próximas páginas (ou pixels), oferecerei algumas reflexões sobre como podemos democratizar ainda mais os investimentos de duas maneiras gerais:
- ajudando os investidores atuais a acessar partes do mercado que antes não conseguiam
- permitindo que mais pessoas se tornem investidores em primeiro lugar
Começarei com o trabalho da BlackRock, mas esses dois esforços vão além da gestão de ativos, abordando questões mais amplas, como política de aposentadoria, energia e tokenização.
Os mercados, como tudo construído por humanos, não são perfeitos. Eles são o nosso reflexo: inacabados, às vezes falhos, mas sempre passíveis de melhoria. A solução não é abandoná-los e sim expandi-los.
Mais investimento. Mais investidores. Essa é a resposta.
Como a BlackRock é uma empresa fiduciária e a maior gestora de ativos do mundo, alguns leitores podem argumentar que estou promovendo meu próprio portfólio. Justo. Mas também é o portfólio que escolhemos, muito antes de ser um sucesso de vendas. Desde o começo, acreditamos que, quando as pessoas investem melhor, elas vivem melhor, e é exatamente por esse motivo que fundamos a BlackRock.
Desbloqueando os mercados privados
Os últimos 14 meses (e o futuro) da BlackRock
As economias se baseiam em capital. Seja montando frotas comerciais no século XVII ou construindo data centers no século XXI, o dinheiro tem que vir de algum lugar. Mas, historicamente, ele não veio de investidores. Apesar de 400 anos de inovação financeira, de Amsterdã ao Change Alley e à Bolsa de Valores de Nova York, a maior parte do financiamento veio de bancos, corporações e governos, não dos mercados de capitais.
Por que bancos, corporações e governos? Porque é onde as pessoas colocam o dinheiro delas. Eles depositaram as economias em contas bancárias, impulsionaram o crescimento corporativo por meio do consumo e pagaram impostos que financiaram os gastos públicos.
Mas, quando eu e meus parceiros fundamos a BlackRock em 1988, acreditamos que o mundo estava mudando. Os mercados de capitais não seriam apenas um complemento para bancos, corporações e governos: mas também estariam ao lado deles como uma fonte igual de capital.
Acreditamos que o mundo estava mudando. Os mercados de capitais não seriam apenas um complemento para bancos, corporações e governos: mas também estariam ao lado deles como uma fonte igual de capital.
A lógica era simples: os mercados tinham rendimento maior que as outras três instituições. Rendimentos maiores atraem mais investidores. Mais investidores ampliam os mercados. E mercados maiores significam mais capital. Além disso, as gestoras de ativos podem acelerar essa mudança com inovação. Para a BlackRock, isso significou primeiro desenvolver uma tecnologia de gerenciamento de riscos melhor e depois expandir as opções e reduzir taxas por meio de produtos como fundos negociados em bolsa (ETFs).
Tivemos sorte nesses últimos 37 anos. Nossa lógica estava certa. Mas o que é impressionante é que ainda estamos no começo da história da expansão de mercado. A verdadeira recompensa está apenas começando.
À medida que entramos no segundo trimestre do século, há um descompasso crescente entre a demanda por investimento e o capital disponível de fontes tradicionais.
Os governos não conseguem financiar infraestrutura por meio de déficit. O déficit não pode crescer muito. Portanto, eles recorrem a investidores privados.
Enquanto isso, as empresas não vão depender apenas de bancos para obter crédito. Os empréstimos bancários são limitados. Por isso, as empresas vão recorrer aos mercados.
O dinheiro já existe. Na verdade, há mais capital ocioso hoje do que em qualquer outro momento da minha carreira. Só nos EUA, cerca de US$ 25 trilhões estão depositados em bancos e fundos do mercado monetário.7
Mas estamos repetindo um erro dos primórdios do mercado financeiro: capital abundante, com alocação restrita. Como escreveu um historiador, a primeira bolsa de valores de Amsterdã “poderia ter sido uma contribuição muito maior para a economia” se os investidores tivessem mais empresas nas quais investir. O mesmo acontece hoje.8
Os ativos que definirão o futuro não estão disponíveis para a maioria dos investidores, como data centers, portos, redes elétricas e as empresas privadas de crescimento mais rápido do mundo. Eles estão em mercados privados, trancados atrás de muros altos, com portões que abrem apenas para os maiores ou mais ricos participantes do mercado.
O motivo para a exclusividade sempre foi o risco. Falta de liquidez. Complexidade. Por isso, apenas alguns investidores podem entrar. Mas nada no mundo financeiro é imutável. Os mercados privados não precisam ter alto risco. Nem serem opacos. Nem inacessíveis. Não se o setor de investimentos estiver disposto a inovar, e é exatamente isso que fizemos ao longo do ano passado na BlackRock.
A BlackRock sempre teve uma participação nos mercados privados. Mas somos, Mas somos, antes de qualquer coisa, uma gestora de ativos tradicional. Assim que começamos 2024. Mas não é quem somos agora.
Nos últimos 14 meses, anunciamos a aquisição de duas das principais empresas nos setores de maior crescimento dos mercados privados: infraestrutura e crédito privado. Compramos outra empresa para obter melhores dados e análises, para que possamos medir melhor os riscos, identificar oportunidades e desbloquear o acesso aos mercados privados.
Transformamos nossa empresa. Na próxima seção, vou detalhar por que fizemos isso, como fizemos e por que é importante.
A BlackRock sempre teve uma participação nos mercados privados. Mas somos, Mas somos, antes de qualquer coisa, uma gestora de ativos tradicional. Assim que começamos 2024. Mas não é quem somos agora.
Boom de investimentos de U$S 68 trilhões: quem será beneficiado?
Ao longo da história, a infraestrutura impulsionou uma quantidade surpreendente de crescimento econômico. Entre 1860 e 1890, a construção de ferrovias sozinha impulsionou o PIB dos EUA em cerca de 25%.9 Um século depois, as rodovias tiveram um papel semelhante: De acordo com um estudo, os investimentos no sistema interestadual foram responsáveis por cerca de um quarto dos ganhos de produtividade entre 1950 e 1989.10
Hoje, estamos à beira de uma oportunidade tão vasta que é quase difícil de compreender. Até 2040, a demanda global por novos investimentos em infraestrutura será de US$ 68 trilhões.11 Para colocar esse preço em perspectiva, é aproximadamente o equivalente a construir todo o sistema de rodovias interestaduais e a ferrovia transcontinental, do início ao fim, a cada seis semanas pelos próximos 15 anos.12
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No ano passado, argumentei que os governos, já sobrecarregados por déficits históricos, não podem depender apenas dos contribuintes para arcar com os custos exorbitantes de novas infraestruturas sem correr o risco de entrar em uma espiral de dívida. Mas os governos não são os únicos a enfrentar restrições. Mesmo as maiores empresas de tecnologia do mundo, com seus bilhões disponíveis para fluxo de caixa, não estão equipadas para essa escala de investimento. Um único data center de IA pode custar entre US$ 40 bilhões e US$ 50 bilhões.14
Quando converso com líderes de tecnologia, eles geralmente me relatam que as empresas querem se concentrar no que fazem de melhor: criar tecnologias inovadoras, e não em financiar a enorme infraestrutura necessária para implementá-las.
O mercado financeiro está pronto para entrar nessas áreas em que governos e corporações estão saindo. Os investidores já estão “votando” com os dólares, tornando a infraestrutura um dos segmentos de mercado com crescimento mais rápido do mundo. No entanto, devido à forma como nossos mercados de capitais são estruturados, esse investimento está sendo restringido.
Mercado privados são privados
A maioria de nós associa o termo “mercado” com o mercado público, ou seja, ações, títulos, commodities. Entretanto, de modo geral, não é possível pode comprar ações de uma nova linha ferroviária de alta velocidade ou de uma rede elétrica de última geração na Bolsa de Valores de Londres ou de Nova York. Os investimentos em projetos de infraestrutura normalmente são feitos apenas em mercados privados.
Os mercados privados são, como o nome sugere, privados. Para investidores individuais, é comum que esses projetos exijam altos investimentos mínimos. Mesmo quando os valores mínimos são mais baixos, o investimento geralmente é limitado a pessoas com uma determinada renda ou patrimônio líquido.
Os mesmos obstáculos se aplicam à maioria das empresas do mundo. Apenas uma pequena fração delas é de capital aberto e esse número é cada vez menor: o caminho que a BlackRock seguiu 25 anos atrás, de arrecadar dinheiro por meio de uma oferta pública inicial, está se tornando mais raro. Em vez disso, 81% das empresas americanas com mais de US$ 100 milhões em receita são de capital fechado. O percentual é maior na UE e ainda maior no Reino Unido.
No entanto, essas empresas ainda precisam de dinheiro para inovar e crescer. Por décadas, elas recorreram aos bancos, como famílias que recorrem a credores para hipotecas residenciais. Mas essa era está desaparecendo rapidamente. Atualmente, os bancos sozinhos não conseguem atender às demandas de capital de empresas em crescimento.
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Para preencher essa lacuna, o setor de crédito privado está intervindo. Na verdade, os ativos de crédito privado devem mais que dobrar até o final desta década.16 No entanto, da mesma forma que acontece com a infraestrutura, muitos investidores individuais não conseguem participar do crescimento. Até mesmo alguns investidores institucionais maiores têm dificuldade em construir um portfólio que aloque esses ativos da maneira que desejam.
Passando de um modelo 60/40 para 50/30/20
A beleza de investir em mercados privados não é ter determinada ponte, túnel ou empresa de médio porte. É como esses ativos complementam suas ações e títulos, ou seja, diversificação.
A diversificação tem sido chamada de o “único almoço grátis”. Foi essa ideia motivadora que levou os economistas ganhadores do Prêmio Nobel Harry Markowitz e Bill Sharpe a desenvolver a Teoria Moderna de Portfólio, que se tornou a base para o portfólio padrão com cerca de 60% em ações e 40% em títulos. Várias gerações de investidores tiveram bons resultados seguindo essa abordagem, adquirindo uma combinação de todo o mercado em vez de títulos individuais. Mas, à medida que o sistema financeiro global continua a evoluir, o portfólio clássico de 60/40 pode não representar mais a verdadeira diversificação.
O futuro portfólio padrão deve ter uma distribuição mais parecida com 50/30/20, respectivamente: ações, títulos e ativos privados, como imóveis, infraestrutura e crédito privado.
- Proteção contra inflação: a receita gerada pela infraestrutura, por exemplo, pedágios e pagamentos de serviços públicos, normalmente aumenta junto com a inflação.
- Estabilidade: ao contrário dos mercados públicos, os rendimentos com infraestrutura tendem a ser muito menos voláteis.17
- Rendimentos: historicamente, a alocação de apenas 10% de um portfólio em infraestrutura já aumenta os rendimentos gerais.18
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O futuro portfólio padrão deve ter uma distribuição mais parecida com 50/30/20, respectivamente: ações, títulos e ativos privados, como imóveis, infraestrutura e crédito privado.
O desafio é o seguinte: o setor não está estruturado para um mundo 50/30/20. Ele é amplamente dividido entre gestoras de ativos tradicionais focadas estritamente na parte 50/30 (ações e títulos) e empresas especializadas no mercado privado com monopólio sobre os 20% restantes (ativos privados).
Fazer a ponte entre esses dois mercados é quase impossível para a maioria das pessoas. Mesmo aqueles que podem pagar enfrentam outro problema de diversificação dentro desses 20%. Muitas vezes, eles mal têm capital suficiente para atender ao mínimo para apenas um fundo privado, e ter 20% do seu portfólio bloqueado em um único fundo não é realmente uma diversificação.
Podemos ajudar os investidores a ter um resultado melhor. A divisão entre o mercado público e privado é um problema difícil, mas que pode ser resolvido. Na verdade, a BlackRock já resolveu desafios de mercado como esse antes.
Antes da divisão entre público/privado, havia índice/ativo
Em 2009, a BlackRock adquiriu a Barclays Global Investors (BGI). Eles criaram a iShares, a principal empresa de ETF do mundo.20 Naquela época, a maioria das pessoas achava que nossa aquisição era apenas uma aposta em ETFs. Mas era muito mais que isso.
Na época, o mundo dos investimentos estava dividido de uma maneira diferente:
- De um lado, estavam os fundos de índice, como os ETFs oferecidos pela BGI, portfólios de baixo custo e baseados em regras que apenas rastreiam índices como o S&P 500.
- Do outro lado, estavam os investimentos ativos, administrados por gestoras de portfólio que tentavam ter um desempenho superior ao mercado.
O setor agia como se você tivesse que escolher um lado, como se essas duas abordagens fossem mutuamente exclusivas. Nossa aquisição da BGI foi baseada na crença de que elas não eram.
Percebemos que toda decisão de investimento é ativa, mesmo que você esteja apenas escolhendo um fundo de índice. Afinal, há índices para tudo: valores de grande capitalização, crescimento de grande capitalização, mercado de ações total, mercados emergentes, ações de energia, ações brasileiras de pequena capitalização, índices financeiros e muito mais. Para escolher entre eles, é preciso tomar decisões importantes, como a combinação certa de investimentos, a quantidade de risco que você quer assumir e como administrar esse risco.
Quando combinamos a estratégia ativa e de índice, demos aos investidores algo que eles nunca tiveram antes: a liberdade de combinar estratégias com simplicidade. Os ETFs deixaram de ser apenas retornos passivos. Eles se tornaram blocos de construção essenciais para criar qualquer tipo de portfólio: ativo, de índice ou uma combinação de ambos. A diversificação ficou mais fácil. As taxas ficaram mais baixas. Na verdade, desde 2015, os ETFs resultaram em uma economia de US$ 642 milhões em taxas para nossos clientes.21 E, mais importante, os investidores finalmente tiveram mais controle sobre o próprio dinheiro, sejam eles pessoas físicas economizando para a aposentadoria ou grandes instituições que administram bilhões.
Agora, temos a oportunidade de fazer pela divisão do mercado público/privado o que fizemos por investimentos ativos/de índice. Em outubro, a BlackRock concluiu a aquisição da Global Infrastructure Partners (GIP), a primeira de três, para remover as barreiras que impediam os investimentos.
Agora, temos a oportunidade de fazer pela divisão do mercado público/privado o que fizemos por investimentos ativos/de índice.
GIP e a oportunidade da infraestrutura
A GIP tem alguns dos ativos de infraestrutura mais importantes do mundo em nome de nossos clientes, como o Aeroporto Gatwick de Londres, os principais oleodutos de energia e mais de 40 data centers globais. Eles são especialistas em encontrar os investimentos em infraestrutura mais atraentes do mundo e canalizar capital para construí-los ou melhorá-los. Em outras palavras, a própria GIP é um pipeline, que conecta os clientes da BlackRock diretamente ao boom de infraestrutura global de US$ 68 trilhões, incluindo data centers.
Como o CEO da Nvidia, Jensen Huang, enfatizou recentemente, “No momento, estamos transformando US$ 150 bilhões de infraestrutura de IA em trilhões de dólares que temos que construir e, por isso, temos uma parceria com a BlackRock”22 Essa parceria também inclui a xAI, Microsoft, MGX e, mais importante, os clientes da BlackRock.23 É o capital deles que vai possibilitar a ascensão da tecnologia do século e eles que colherão os frutos. Tudo isso é possível por meio da GIP.
Além disso, tivemos um anúncio histórico sobre portos este mês. O acordo, em princípio, abrange uma rede de 43 portos em 23 países. Um em cada 20 contêineres de transporte que viajam pelo mundo passa por esses portos todos os anos.24
Nossos parceiros incluem um dos líderes mundiais em transporte e logística, a Mediterranean Shipping Company (MSC), e uma das maiores operadoras globais de terminais de contêineres do mundo, a Terminal Investment Limited (TiL). Após a celebração desse acordo, nosso consórcio terá um portfólio de aproximadamente 100 portos ao redor do mundo. Juntos, sabemos como investir, possuir e operar esses ativos. Na verdade, a GIP é especialista em tornar a infraestrutura mais eficiente. Quando eles compraram o Aeroporto de Gatwick, conseguiram reduzir o tempo de triagem de segurança em mais da metade, em parte com soluções simples, como bandejas de bagagem grandes. Isso deu aos viajantes mais tempo para fazer compras e comer, aumentando a lucratividade do aeroporto. Em outras palavras, não estamos apenas dando aos nossos clientes acesso a mais infraestrutura, mas a uma boa infraestrutura que melhoramos ainda mais.25
HPS, Preqin e por que os mercados privados não precisam ser opacos
Enquanto finalizávamos o acordo com a GIP, a BlackRock também estava ocupada com duas outras aquisições significativas. Começamos o verão de 2024 anunciando nossa compra planejada da Preqin, uma das principais empresas de dados do mundo em mercados privados. Em seguida, encerramos o ano anunciando nossa aquisição planejada da HPS Investment Partners, uma gestora de crédito privado premium.
Essas aquisições darão aos nossos clientes acesso mais direto aos mercados privados, que financiam negócios globais e mantêm as economias de consumo funcionando. Mas também há um pensamento estratégico mais profundo e de longo prazo em jogo.
Por décadas, os mercados privados têm sido um dos setores financeiros mais opacos. Os investidores sabem que esses ativos têm valor em longo prazo, mas exatamente quanto valor? Isso nem sempre é fácil de determinar.
Uma boa analogia é o mercado imobiliário. Se você for comprar uma casa, vai querer saber se o preço está justo, e há maneiras de fazer isso. Você pode verificar os valores praticados no bairro, vendas recentes ou tendências históricas de valorização; empresas como a Zillow simplificaram esse processo. Mas hoje, investir em mercados privados é como comprar uma casa em um bairro desconhecido antes da existência da Zillow, quando encontrar preços precisos era difícil ou impossível. Essa falta de transparência desencoraja o investimento.
Nossas aquisições foram projetadas para mudar esse cenário. Por exemplo, a Preqin fornece o conjunto de dados de mercados privados mais abrangente do setor. A empresa acompanha mais de 190.000 fundos e 60.000 gestoras. Esse rico conjunto de dados fornece clareza sobre o desempenho de gestoras e fundos, e também oferece avaliações comparáveis sobre os ativos que eles possuem. Em outras palavras, a Preqin faz para os mercados privados o que a Zillow fez no setor imobiliário. Ou, se você preferir uma comparação do setor financeiro, é igual aos terminais Bloomberg para ações e títulos.
Mas nossa visão vai ainda mais longe.
Com dados mais claros e oportunos, é possível indexar mercados privados, da mesma forma que fazemos agora com o S&P 500. Quando isso acontecer, os mercados privados serão acessíveis e simples. Fáceis de comprar. Fáceis de monitorar. E isso significa que o capital fluirá mais livremente em toda a economia. O catalisador de prosperidade será mais rápido, gerando mais crescimento, não apenas para a economia global ou grandes investidores institucionais, mas para investidores de todos os tamanhos em todo o mundo.
Com dados mais claros e oportunos, é possível indexar mercados privados, da mesma forma que fazemos agora com o S&P 500. Quando isso acontecer, os mercados privados serão acessíveis e simples. Fáceis de comprar. Fáceis de monitorar.
Uma nova era de investimento
De certa forma, este momento parece o final de um livro sobre como a BlackRock começou.
Em 1988, nosso primeiro funcionário, o falecido e saudoso Charles Hallac, comprou um computador. Ele custou US$ 25.000 e era aproximadamente do tamanho de uma máquina de lavar. Charlie o colocou entre a geladeira e a cafeteira, e começou a desenvolver o Aladdin naquela máquina. Esse software deu aos investidores algo que eles nunca tiveram antes: uma visão clara e unificada do risco do portfólio. Ele mudou fundamentalmente a maneira como os investimentos funcionavam.

Inventor do Aladdin, Charles “Charlie” Hallac (1964-2015)
Em retrospectiva, ao longo de 37 anos, a fundação da BlackRock não foi apenas a criação de uma empresa; ela transformou um setor inteiro. Em algumas décadas, veremos que 2025 foi outro momento crucial, quando o cenário financeiro mudou mais uma vez.
Mas esse futuro não será construído apenas por gestoras de ativos. Os mercados nunca existem isoladamente. As regras econômicas que escolhemos, as políticas de investimento que adotamos e as formas como os países atraem e distribuem capital determinarão quem será beneficiado, e quão amplamente a prosperidade será difundida.
Esse é o desafio que vou abordar a seguir. E o melhor lugar para começar é onde a maioria de nós espera terminar: com uma aposentadoria confortável e financeiramente segura.
Da aposentadoria à tokenização
Como todos nós podemos democratizar os investimentos
Em 30 de setembro de 1933, no auge da Grande Depressão, um pequeno jornal da Califórnia, The Long Beach Telegram, publicou uma carta de Francis Townsend. Ele era um médico local que escreveu uma carta em um surto de raiva após testemunhar mulheres idosas procurando comida na rua. Sua proposta, US$ 200 por mês para cada americano com mais de 60 anos, desencadeou o movimento que criou à previdência social nos EUA.26
De acordo com o Departamento do Censo dos Estados Unidos, a previdência social impede que quase 30 milhões de americanos caiam na pobreza todos os anos, uma conquista extraordinária.27 E, no entanto, as projeções mostram que os fundos de aposentadoria e invalidez da previdência social terão se esgotado até 2035. Depois disso, as pessoas receberiam apenas 83% dos benefícios prometidos, e esse percentual será ainda menor com o tempo.28
Mas mesmo se reforçarmos a previdência social, não será o suficiente. O sistema foi projetado para fazer exatamente o que Francis Townsend tinha em mente: manter os idosos fora da pobreza. Mas sair da pobreza não quer dizer segurança financeira. É por isso que hoje, mesmo com a promessa da previdência social, mais da metade dos americanos ainda têm mais medo de viver além de suas economias do que da própria morte.29
Um bom sistema de aposentadoria é uma rede de segurança que segura as pessoas quando elas caem. Mas um ótimo sistema também deve ter uma escada, uma maneira de aumentar a poupança e acumular riqueza a cada ano. Essa é a falha do sistema dos EUA. No momento, o país se concentra principalmente em evitar que as pessoas caiam no chão, o que está correto. Mas os EUA precisam colocar o mesmo esforço para ajudar as pessoas a chegarem a ascenderem, por meio de investimentos.
Mais da metade do dinheiro que a BlackRock administra é para a aposentadoria.30 Esse é o nosso principal negócio, o que faz sentido: para a maioria das pessoas, as contas de aposentadoria são a primeira, e muitas vezes a única, experiência com investimentos. Então, se realmente queremos democratizar os investimentos, precisamos começar com a aposentadoria.
Redefinindo a aposentadoria – é um trabalho de todos.
Um bom sistema de aposentadoria é uma rede de segurança que segura as pessoas quando elas caem. Mas um ótimo sistema também deve ser uma escada, uma maneira de aumentar a poupança e acumular riqueza a cada ano.
A BlackRock ajuda as pessoas a investir para a aposentadoria em todo o mundo, mas nessa seção vou focar nos EUA. Porque a situação é terrível. A previdência pública está enfrentando enormes déficits. Em todo o país, os dados mostram que o financiamento dela é de apenas 80% e, provavelmente, esse número é excessivamente otimista.31 Enquanto isso, um terço do país não tem nenhuma poupança para a aposentadoria. Sem pensão, sem 401(k) (plano de aposentadoria patrocinado pelo empregador), nada.32
Por outro lado, enquanto o dinheiro se esgota, as pessoas vivem cada vez mais. Hoje, se você é casado e ambos chegam aos 65 anos, há uma chance de 50% de pelo menos um de vocês viver até os 90.33 E com os avanços da biomedicina, como medicamentos GLP-1, muitas outras doenças crônicas podem se tornar curáveis em breve.
Essa é uma bênção incrível, mas também tem um componente frustrante: conseguimos estender a vida das pessoas, mas não nos esforçamos para ajudá-las a pagar esses anos extras.
São os problemas que não são discutidos que devem nos preocupar mais. E, pensando nisso, estou menos preocupado com a crise da aposentadoria nos EUA do que estava há um mês.
Em março, a BlackRock sediou uma cúpula sobre aposentadoria em Washington, nos EUA, reunindo republicanos e democratas, gestoras de ativos e fundos de pensão, proprietários de pequenas empresas, bombeiros, professores, membros de sindicatos e fazendeiros. Era um grupo diverso e esse era o objetivo. Boas ideias podem vir de lugares inesperados. Afinal, o programa de aposentadoria mais importante da história dos EUA começou como um artigo de opinião de um médico desconhecido em um pequeno jornal.
Na cúpula, foi a mesma dinâmica: chegamos a um consenso em relação a ideias práticas para ajudar mais americanos a começar a investir, aumentar as economias para atingir as metas de aposentadoria e gastar com confiança o que ganharam. Dessa forma, os americanos não precisam temer ficar sem dinheiro, certamente não mais do que a própria morte.

Da esquerda para direita: James Slevin (Corpo de Bombeiros de Nova York, vice-presidente do 1º distrito, Associação Internacional de Bombeiros), Michelle Crowley (ex-Corpo de Bombeiros de Biloxi), Shebah Carfagna (proprietária, Panache Wellness and Fitness), Nate Wilkins (fundador, Ageless Workout Method) e Gayle King (moderadora, coapresentadora do CBS Mornings e Editora Geral, Oprah Daily)
Por onde começamos?
Na cúpula, um painel apresentou um bombeiro que se lembrou de como, quando começou a trabalhar, ele se inscreveu em um fundo de pensão sem saber. Um bombeiro veterano deu a ele um formulário e uma ordem: “Só assine. Você vai me agradecer em 25 anos.” E foi isso que ele fez.
Todo americano merece começar a investir com essa simplicidade. Mas, para milhões de pessoas, investir ainda não é uma opção.
Existem três maneiras de lidar com isso.
Primeiro, aumentar a poupança de emergência. Ninguém investe para a aposentadoria se estiver preocupado em pagar por um pneu furado ou uma visita ao pronto-socorro amanhã. No entanto, essa é a realidade de um terço dos eleitores dos EUA que relataram não conseguir pagar uma despesa inesperada de US$ 500.34
Qual é a solução? A fundação filantrópica da BlackRock trabalhou com um grupo de organizações sem fins lucrativos para estabelecer uma Iniciativa de Poupança de Emergência, ajudando principalmente os americanos de baixa renda a guardar US$ 2 bilhões em contas de poupança de emergência.35 Descobrimos que pessoas que tenham fundos dedicados para emergência têm muito mais probabilidade de investir na aposentadoria, 70% mais, de acordo com um estudo.36
O congresso dos EUA ampliou essa proposta para todo o país em 2022 com o SECURE 2.0 Act. A lei permite que os trabalhadores economizem até US$ 2.500 em contas de emergência vinculadas a planos de aposentadoria, incluindo contribuição equivalente do empregador e facilidade de saque.37 Mas esse é apenas o começo. É possível simplificar ainda mais as regras, aumentar os limites de contribuição e permitir a inscrição automática em contas de emergência autônomas.
Segundo, aumentar a adesão ao 401(k) para pequenas empresas. Metade dos americanos trabalha para pequenas empresas e quase metade dessas empresas não oferece plano de aposentadoria.38 Isso pode ser corrigido. Os estados que testaram incentivos aumentaram a adoção ao 401(k) e a poupança dos funcionários. Os formuladores de políticas podem se envolver mais nesse tema, ajudando as pequenas empresas a oferecer planos e inscrever automaticamente os trabalhadores.
Terceiro, ajudar as pessoas a começar a investir mais cedo. Na cúpula sobre aposentadoria, os senadores Cory Booker (partido Democratas, New Jersey) e Todd Young (partido Republicano, Indiana) falaram sobre uma abordagem baseada no mercado para “baby bonds”. A ideia seria abrir uma conta de investimento para cada criança americana no dia em que nascessem. O senador Booker mencionou que isso poderia ser viabilizado redirecionando uma fração das isenções fiscais atuais que beneficiam principalmente os ricos. Esse é um conceito interessante. Mesmo uma pequena quantia poderia se transformar em um portfólio muito grande ao longo da vida.
Todo americano merece começar a investir com essa simplicidade. Mas, para milhões de pessoas, investir ainda não é uma opção.

Da esquerda para direita: senador Cory Booker (partido Democratas, New Jersey), senador Todd Young (partido Republicano, Indiana), Shai Akabas (Bipartisan Policy Center)
Muitos formuladores de políticas estaduais e federais propuseram versões deste plano ao longo dos anos. E acho que essa é uma ideia que vale a pena revisitar. A vantagem não é apenas financeira, é na base da sociedade. Quando as pessoas têm uma parte da economia, elas não apenas se beneficiam do crescimento; elas acreditam nele. A propriedade cria conexão. Ela transforma observadores passivos em participantes.
Imagine uma criança nascida hoje com um patrimônio pessoal que cresce junto com os Estados Unidos. É assim que seria uma democracia econômica: um país em que todos têm um novo caminho para buscar felicidade e liberdade financeira: o investimento.
É assim que seria uma democracia econômica: um país em que todos têm um novo caminho para buscar felicidade e liberdade financeira: o investimento.
Como você chega a US$ 2.089.000?
Quando as pessoas começam a investir para a aposentadoria, elas têm um objetivo simples: multiplicar o próprio dinheiro, o máximo possível e o mais rápido possível.
Em janeiro, a BlackRock entrevistou americanos, perguntando quanto dinheiro precisariam para se aposentar confortavelmente. Quando analisamos as respostas, o valor médico foi pouco mais de US$ 2 milhões, US$ 2.089.000, para ser exato. Isso é muito. Mais do que eu esperava. E quase ninguém chega perto desse valor. Até mesmo a pessoas da Geração X, que começará a se aposentar em cinco anos, está longe dessa meta. Na verdade, 62% economizaram menos de US$ 150.000.39
Vamos precisar de formas melhores de aprimorar portfólios. Como escrevi antes, ativos privados como imóveis e infraestrutura podem aumentar os rendimentos e proteger os investidores durante quedas do mercado. Os fundos de pensão investem nesses ativos há décadas, mas os 401(k)s não. É uma das razões pelas quais as pensões geralmente superam o rendimento do 401(k) em cerca de 0,5% por ano.40
Meio por cento não parece muito, mas ao longo dos anos é bastante. A BlackRock estima que, ao longo de 40 anos, um rendimento anual extra de 0,5% resulta a um aumento de 14,5% no 401(k). É o suficiente para financiar mais nove anos de aposentadoria, ajudando você a parar de trabalhar de acordo com seus próprios termos. Em outras palavras, os ativos privados são responsáveis por nove anos extras para curtir os seus netos.41
Se os ativos privados têm um desempenho tão bom, por que não estão inclusos no 401(k)? Um dos principais motivos é que eles são território desconhecido para os provedores de 401(k) que selecionam os investimentos oferecidos em seu plano.
Quando você investe em ativos privados, uma ponte, por exemplo, os valores desses ativos não são atualizados diariamente, e você não pode sacar seu dinheiro quando quiser. Afinal, é uma ponte, não uma ação. Embora a BlackRock, como escrevi anteriormente, esteja trabalhando para tornar os mercados desses ativos mais líquidos e transparentes em termos de preços, muitos provedores de 401(k) ainda não se adaptaram a esse cenário financeiro em evolução. De fato, incluir ativos como imóveis ou infraestrutura em um 401(k) só se tornou prático nos últimos cinco a dez anos.
É um processo complexo que exige esclarecimento. Gestoras de ativos, especialistas em mercado privado, consultores e assessores desempenham um papel na orientação de provedores de 401(k). Essa é parte da razão pela qual estou escrevendo esta carta, para dissipar dúvidas. Precisamos deixar claro: ativos privados em contas de aposentadoria são legais. Eles são benéficos e estão cada vez mais transparentes.
Fundos pré-datados são uma ótima forma de começar. As pessoas adoram a simplicidade: basta escolher o ano em que planeja se aposentar, 2040, 2055 ou 2060, e o fundo faz o resto. Essa simplicidade torna os fundos pré-datados ideais para introduzir ativos privados. As barreiras usuais para provedores de 401(k), como cotações diárias ou liquidez imediata, importam muito menos quando você está investindo ao longo de várias décadas.
Em outras palavras, os ativos privados são responsáveis por nove anos extras para curtir os seus netos.
Como podemos ajudar as pessoas a gastar o que economizaram?
Ter um pé-de-meia é apenas metade do desafio. A outra metade, especialmente para poupadores do 401(k), é saber como gastá-lo.
A maioria dos pensionistas não se preocupa com isso. A renda deles é mensal, como um salário fixo. Mas um pagamento de 401(k) não vem com instruções. Quando você se aposenta, recebe uma quantia fixa e precisa que ela dure pelo resto da sua vida, sem saber quanto tempo vai ser.
O resultado? É comum que mesmo aposentados que economizaram muito gastem muito pouco, tomados pelo medo de que o dinheiro acabe. Eles diminuem os sonhos e adiam a alegria. De acordo com o economista Bill Sharpe, esse problema é “o mais desagradável e difícil no setor de finanças”. Difícil, mas não impossível.
No ano passado, a BlackRock lançou o LifePath Paycheck® para lidar com esse medo. Ele permite que as pessoas tenham a opção de converter as economias de aposentadoria do 401(k) em uma renda mensal estável e confiável. Em apenas 12 meses, o LifePath Paycheck® já atraiu seis clientes patrocinadores do plano, representando 200.000 poupadores individuais de aposentadoria.
Mas ninguém está declarando vitória. O problema só vai ficar mais difícil e complexo à medida que as pessoas mais velhas da Geração X começarem a se aposentar. Eles são a primeira geração dependente principalmente de 401(k). E a adoção ao 401(k) está cada vez maior na Geração Y e a Geração Z. Os empregadores precisam oferecer soluções que transformem as economias em renda previsível. Dessa forma, todo americano poderá se aposentar com tranquilidade.
Não é possível democratizar o investimento se levar 13 anos para construir uma linha de alta tensão.
Nos EUA, o investimento em aposentadoria é responsável por cerca de 30% do dinheiro no mercado de ações.42 É a maior oportunidade que temos de ajudar mais pessoas a crescer junto com a economia em geral. Mas assim como a aposentadoria não é todo o mercado, não é toda a solução.
Por exemplo, dar aos investidores aposentados acesso à infraestrutura importa menos se a infraestrutura nunca for construída. Esse é um cenário comum hoje em dia.
Tanto nos EUA quanto na UE, geralmente leva mais tempo para autorizar projetos de infraestrutura do que para construí-los. Uma linha de alta tensão pode levar 13 anos para ser aprovada, algo que a China faz em um quarto do tempo.43
Ezra Klein e Derek Thompson ilustram com maestria esse pesadelo de autorizações em seu novo livro, Abundance (Abundância). Uma passagem particularmente vívida traz o contexto histórico do projeto de trem-bala paralisado da Califórnia:
“A Califórnia (...) construiu algumas centenas de quilômetros da parte oeste da Ferrovia Transcontinental na década de 1860. O projeto abrangia quase 2.900 quilômetros e foi concluído em apenas seis anos. Hoje em dia, seis anos é aproximadamente o tempo que a Califórnia leva para perceber que a construção do trem-bala precisa ser adiada por mais uma década. No tempo que a Califórnia passou tentando concluir 800 quilômetros do sistema ferroviário de alta velocidade, a China construiu mais de 37.000 quilômetros de ferrovias de alta velocidade.”
Mas são os atrasos na infraestrutura de energia, eles escrevem, que “podem ser caóticos na melhor das hipóteses e catastróficos na pior”.44
A demanda global por eletricidade está aumentando, impulsionada em parte pela ascensão da IA. Um único data center pode consumir 1 gigawatt de eletricidade. Isso é o suficiente para abastecer toda a cidade de Honolulu no dia mais quente do ano.45 Em Utah, Ohio e Texas, as concessionárias de energia elétrica já alertaram que a demanda por eletricidade impulsionada pela IA levará suas redes além da capacidade. Até mesmo a Silicon Valley Power parou de aceitar novas solicitações de data center.46
Sem investimentos massivos em geração e transmissão de energia, e sem eletricistas e engenheiros para construir essa infraestrutura, enfrentaremos uma encruzilhada impossível: quem fica com a eletricidade, as pessoas ou as máquinas? E uma sociedade que escolhe a refrigeração dos servidores enquanto seus cidadãos derretem (ou congelam) tem as prioridades fundamentalmente erradas.
Precisamos de pragmatismo energético. Isso começa com a correção dos processos lentos e ineficientes de licenciamento nos EUA e na Europa. Mas também significa ter clareza sobre nossa matriz energética.
A maioria dos novos investimentos em infraestrutura tem migrado para energias renováveis. Mas sem grandes avanços em armazenamento, a energia eólica e solar sozinhas não conseguem abastecer a rede elétrica de forma confiável. No curto prazo, mais da metade da eletricidade que alimenta os data centers deve vir de fontes distribuíveis. Caso contrário, o ar condicionado será desligado, os servidores superaquecerão e os data centers serão desligados.47
De onde vem a energia distribuível? Uma das fontes é a nuclear. Mas ela está cada vez mais rara. Nos últimos 55 anos, os Estados Unidos fecharam mais usinas nucleares do que construíram. Como Klein e Thompson escreveram, “Isso não é uma falha do mercado privado em assumir riscos de forma responsável, mas do governo federal em ponderar adequadamente os riscos”.48
Afinal, a energia nuclear de hoje não é o modelo antigo de usinas enormes com assustadoras torres de resfriamento. Os reatores modulares pequenos (SMRs) são tudo o que a energia nuclear antiga não era: mais barata de construir, mais segura de operar e pode ser construída em qualquer lugar.
A China não está esperando. Eles estão construindo 100 gigawatts de energia nuclear e, quando concluírem, serão responsáveis por metade da energia nuclear do planeta. Por que a China é tão otimista em relação à energia nuclear? Eles encaram a descarbonização como uma forma de monopolizar o futuro do setor.49
A BYD, por exemplo. A montadora chinesa vende mais veículos elétricos (VEs) do que qualquer outra empresa no mundo. No ano que vem, eles planejam adicionar recursos de direção autônoma completa aos carros, pelo mesmo preço dos modelos do ano passado.50 Eles já vendem veículos elétricos por apenas US$ 10.000, um preço que nenhuma montadora dos EUA ou da Europa consegue igualar. Em cinco anos, a China pode ter eliminado completamente os motores de combustão interna, não apenas por razões ambientais, mas também para monopolizar o mercado global de veículos autônomos e movidos a bateria, carros que não exigem gasolina e custam um terço do preço de seus concorrentes estrangeiros.
Sem investimentos massivos em geração e transmissão de energia, enfrentaremos uma encruzilhada impossível: quem fica com a eletricidade, as pessoas ou as máquinas? E uma sociedade que escolhe a refrigeração dos servidores enquanto seus cidadãos derretem (ou congelam) tem as prioridades fundamentalmente erradas.
FIGURA 3.1:51

Há uma relação fascinante entre a riqueza de um país e seu consumo de energia. A correlação é quase perfeita: mais energia, mais riqueza. Entretanto, em algum momento, essa relação deve se romper.
À medida que as economias ficam mais ricas, é comum que elas continuem crescendo com menos energia incremental, graças aos ganhos de eficiência. Mas você pode argumentar que isso não acontece mais. Mesmo nas nações mais ricas, a prosperidade é novamente definida por nossa capacidade (e disposição) de produzir e consumir mais energia.
Devemos investir na Europa novamente?
A BlackRock nasceu nos Estados Unidos e nossos primeiros clientes eram no Japão, mas foi a Europa que nos tornou verdadeiramente globais.
Em 2006, a aquisição da gestora de ativos Merrill Lynch, com sede em Londres, nos colocou no caminho para nos tornarmos o maior gestora de ativos do mundo. Hoje, administramos US$ 2,7 trilhões de clientes europeus, incluindo aproximadamente 500 planos de pensão que dão suporte a milhões de pessoas.
Na última década, a perspectiva econômica da Europa tem sido persistentemente pessimista. Crescimento lento, mercados estagnados e regulamentação difícil dominaram as manchetes. Mario Draghi, ex-primeiro-ministro italiano e chefe do Banco Central Europeu, ressaltou recentemente que a Europa reduziu as barreiras comerciais com países fora do continente, mas não fez o mesmo internamente entre as nações da UE. Draghi mencionou uma análise do Fundo Monetário Internacional (FMI), que mostra um cenário impressionante: para uma empresa alemã, hoje pode ser mais atraente fazer negócios na China do que na vizinha França.52
Mas acho que a Europa está acordando. Os formuladores de políticas com quem converso, e converso com muitos, já perceberam que os obstáculos regulatórios não vão se remover sozinhos. Eles precisam ser resolvidos. E as vantagens de fazer isso são muitas. De acordo com o FMI, reduzir as barreiras comerciais dentro da UE e torná-las semelhantes a estados dos EUA poderia aumentar a produtividade em quase 7%, adicionando espantosos US$ 1,3 trilhão à economia, o equivalente a criar outra Irlanda e Suécia.53
A BlackRock nasceu nos Estados Unidos e nossos primeiros clientes eram no Japão, mas foi a Europa que nos tornou verdadeiramente globais.
Melhor ainda, a inteligência artificial pode ser capaz de resolver o problema demográfico da Europa.
O maior desafio econômico iminente do continente é a força de trabalho envelhecida. Em 22 dos 27 estados-membros da UE, a população em idade ativa já está diminuindo.54 E como o crescimento econômico depende muito do tamanho da força de trabalho de um país, a Europa enfrenta o risco de declínio econômico prolongado. A própria Comissão Europeia alertou recentemente: o crescimento sustentado só é possível se a força de trabalho da Europa crescer, se tornar mais produtiva ou ambos.55
FIGURA 3.2:56

É precisamente nesse ponto que a IA pode desempenhar um papel crucial. Em economias fortemente dependentes de manufatura e trabalho manual, a IA tem menos impacto. Mas em economias baseadas em serviços, em que a IA pode efetivamente automatizar tarefas, os ganhos de produtividade podem ser substanciais.
Há uma preocupação de que a IA possa acabar com empregos. É uma preocupação válida. Mas em sociedades ricas e envelhecidas que enfrentam a escassez inevitável de mão de obra, a IA é mais uma salvação do que uma ameaça.
O Bitcoin pode corroer o status de reserva do dólar americano?
Os EUA se beneficiaram do dólar como moeda de reserva mundial por décadas. Mas não há garantia de que isso dure para sempre.
A dívida nacional cresceu três vezes o ritmo do PIB desde que o relógio da dívida na Times Square começou a funcionar em 1989.57 Este ano, os pagamentos de juros ultrapassarão US$ 952 bilhões, excedendo os gastos com defesa. Até 2030, os gastos obrigatórios do governo e serviço da dívida consumirão toda a receita federal, criando um déficit permanente.58
Se os EUA não controlarem a dívida e os déficits continuarem aumentando, eles correm o risco de perder essa posição para ativos digitais como o Bitcoin.
FIGURA 3.3:59

Para ser claro, obviamente não sou contra ativos digitais (longe disso; veja a próxima seção). Mas duas coisas podem ser verdadeiras ao mesmo tempo: finanças descentralizadas são uma inovação extraordinária. Elas tornam os mercados mais rápidos, mais baratos e mais transparentes. No entanto, essa mesma inovação pode minar a vantagem econômica dos Estados Unidos se os investidores começarem a encarar o Bitcoin como uma aposta mais segura do que o dólar.
Tokenização é democratização
Os caminhos do dinheiro do mundo foram construídos quando os pregões ainda eram cheios de gritos e as máquinas de fax pareciam revolucionárias.
Por exemplo, a Sociedade para as Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais (SWIFT). Esse é o sistema que sustenta trilhões de dólares em transações globais todos os dias e funciona como uma corrida de revezamento: os bancos passam cada instrução individualmente, verificando meticulosamente os detalhes em cada etapa. Essa abordagem de revezamento fazia sentido na década de 1970, uma era analógica quando os mercados eram muito menores e havia muito menos transações diárias. Mas hoje, depender do SWIFT é como encaminhar e-mails pelos correios.
A tokenização muda tudo isso. Se o SWIFT é o serviço postal, a tokenização é o próprio e-mail: os ativos se movem direta e instantaneamente, evitando intermediários.
O que exatamente é tokenização? Ela está transformando ativos do mundo real (ações, títulos e imóveis) em tokens digitais negociáveis on-line. Cada token certifica sua propriedade de um ativo específico, muito parecido com uma escritura digital. Ao contrário dos certificados de papel tradicionais, esses tokens residem com segurança em um blockchain, permitindo compra, venda e transferência instantâneas sem papelada nem períodos de espera.
Todas as ações, todos os títulos, todos os fundos e todos os ativos podem ser tokenizados. Se forem, haverá uma revolução nos investimentos. Os mercados não precisariam fechar. As transações que atualmente levam dias seriam liquidadas em segundos. E bilhões de dólares atualmente imobilizados por atrasos de liquidação poderiam ser reinvestidos imediatamente na economia, gerando mais crescimento.
Todas as ações, todos os títulos, todos os fundos e todos os ativos podem ser tokenizados. Se forem, haverá uma revolução nos investimentos.
E, talvez o mais importante, a tokenização torna o investimento muito mais democrático.
Ela pode democratizar o acesso. A tokenização permite propriedade fracionada. Isso significa que os ativos podem ser divididos em pedaços infinitamente pequenos. Isso reduz uma das barreiras para investir em ativos valiosos e antes inacessíveis, como imóveis privados e capital privado.
Ela pode democratizar a votação dos acionistas. Quando você tem uma ação, tem o direito de votar nas propostas dos acionistas da empresa. A tokenização torna isso mais fácil porque sua propriedade e direitos de voto são rastreados digitalmente, permitindo que você vote de forma transparente e segura de qualquer lugar.
Ela pode democratizar o rendimento. Alguns investimentos produzem retornos muito maiores do que outros, mas apenas grandes investidores podem entrar neles. O motivo? Atrito. Legal, operacional e burocrático. A tokenização elimina isso, permitindo que mais pessoas tenham acesso a retornos potencialmente maiores.
Um dia, espero que os fundos tokenizados se tornem tão familiares aos investidores quanto os ETFs, desde um problema crítico seja resolvido: a verificação de identidade.
As transações financeiras exigem verificações de identidade rigorosas. O Apple Pay e os cartões de crédito lidam com a verificação de identidade com facilidade e bilhões de vezes por dia. Empresas de negociação como a Bolsa de Valores de Nova York e MarketAxess conseguem fazer o mesmo para compra e venda de títulos. Mas os ativos tokenizados não passarão por esses canais tradicionais, o que significa que precisamos de um novo sistema de verificação de identidade digital. Parece complexo, mas a Índia, o país mais populoso do mundo, já fez isso. Hoje, mais de 90% dos indianos podem verificar transações com segurança diretamente dos smartphones.60
A conclusão é clara. Se levarmos a sério a construção de um sistema financeiro eficiente e acessível, defender apenas a tokenização não será suficiente. Precisamos resolver também o problema da verificação digital.
Algo que vale a pena desenvolver
Em 1761, cerca de 80 anos depois que o Jonathan's Coffee House se tornou o coração da vida financeira de Londres, um grupo de 150 comerciantes ricos tentou fechar a empresa.
Eles ofereceram ao proprietário do Jonathan's Coffee House £1.200 por ano, cerca de 10 anos do salário de um trabalhador médio, pelo uso exclusivo do espaço durante os principais horários de negociação. Em essência, eles queriam criar um mercado privado.
Mas a comunidade de investidores de Londres não aceitou. Eles protestaram, argumentaram o caso nos tribunais e, depois de dois anos, venceram. Os mercados tinham que permanecer abertos. Todos podiam investir.61
Do nosso ponto de vista hoje, a história do mercado financeiro pode parecer uma longa e constante marcha em direção a mais democracia: mais investidores, participação mais ampla e mais prosperidade. E, em grande medida, isso tem sido verdadeiro. Mas essa democratização nunca foi garantida. Ainda não é.
Os mercados não evoluem naturalmente para atender a todos igualmente. Eles exigem esforço implacável, escolhas conscientes e vigilância constante, desde os protestos em cafeterias séculos atrás até os complexos debates de hoje sobre política de aposentadoria, tokenização, investimento em infraestrutura e inteligência artificial.
É um trabalho que demanda muito, mas temos 37 anos de experiência na BlackRock como fiduciários de nossos clientes. E não passou um único dia em que não tenha valido a pena o esforço.
Porque nenhum outro sistema criado pela humanidade fez mais para gerar riqueza para mais pessoas do que os mercados de capital.
As pessoas investem as próprias economias, sejam 50 florins ou US$ 50.000, e esses investimentos se tornam estradas e escolas, empresas e tecnologias inovadoras. É isso que impulsiona a economia, retornando a riqueza para milhões, permitindo que as pessoas se preocupem menos com as contas de casa e passem mais tempo simplesmente aproveitando a vida com a família.
Eu sempre disse que investir é um ato de esperança, que ninguém investe em longo prazo a menos que acredite que o futuro será melhor que o presente. Mas isso não é 100% correto. Investir não é apenas um ato de esperança; investir é o que transforma a esperança em realidade.
E isso é algo que vale a pena proteger.
É algo que vale a pena desenvolver.
É algo que vale a pena democratizar.
Desempenho da BlackRock
2024-2025
No outono passado, comemoramos o 25º aniversário da oferta pública inicial (IPO) da BlackRock. Quando abrimos o capital, tínhamos apenas 650 funcionários e nossas ações estavam listadas a US$ 14 cada. Na época, administrávamos US$ 165 bilhões em ativos baseados principalmente em renda fixa para nossos clientes e tínhamos acabado de começar a vender a tecnologia da Aladdin externamente.
Hoje, administramos US$ 11,6 trilhões para nossos clientes, e a Aladdin gera mais de US$ 1,6 bilhão em receita anual. Temos quase 23.000 funcionários, com escritórios em mais de 30 países. Nossas ações encerraram 2024 avaliadas em mais de US$ 1.000 cada. Mas mesmo 25 anos após IPO e 37 anos após nossa fundação, de muitas maneiras, esse é apenas o começo da história da BlackRock.
O ano de 2024 foi marcante para a BlackRock. Os clientes nos confiaram um recorde de US$ 641 bilhões em entradas líquidas. Adicionamos US$ 1,5 trilhão a ativos sob gestão (AUM) e entregamos receita e lucro operacional recordes, juntamente com um retorno total de 29% para nossos acionistas.
Em um ambiente dinâmico de investimento e de retomada de riscos, os clientes queriam voltar aos mercados de forma mais ativa. Eles fizeram isso com a BlackRock. Encerramos o ano com entrada líquida recorde em todos os trimestres, terminando o ano com US$ 281 bilhões em entradas líquidas no quarto trimestre com um crescimento orgânico de 7% na taxa básica. É importante ressaltar que esse crescimento orgânico foi amplo, abrangendo diversas instituições, patrimônios e regiões. Os clientes querem consolidar uma parcela maior dos portfólios com um parceiro que esteja com eles em longo prazo, enquanto trabalham para conquistar as próprias ambições comerciais e metas de portfólio. Eles querem portfólios que sejam perfeitamente integrados a mercados públicos e privados, que sejam dinâmicos e que se baseiem em dados, gerenciamento de risco e tecnologia.
Essa atividade histórica de clientes ocorreu ao mesmo tempo que realizávamos as aquisições mais significativas desde a BGI, há mais de 15 anos. A conclusão da aquisição da GIP e da Preqin e a aquisição planejada da HPS ainda este ano devem aumentar e aprimorar nossos investimentos em mercados privados e capacidades de dados.
Os clientes sempre estiveram no centro de nossa estratégia, e investimos de modo intencional para atender a todas as necessidades deles. Construímos uma plataforma diferenciada de gestão de ativos e fintech que é totalmente integrada a mercados públicos e privados.
Após nossa aquisição planejada da HPS, esperamos que a plataforma de investimentos alternativos da BlackRock se torne uma das cinco principais fornecedoras para clientes, com US$ 600 bilhões em ativos de clientes e mais de US$ 3 bilhões em receita anual. Ela será integrada à plataforma da BlackRock que já abriga a maior franquia de ETF global do mundo, US$ 3 trilhões em renda fixa, prática de gestão de ativos de seguros de US$ 700 bilhões, serviços de consultoria e nossa comprovada tecnologia Aladdin.
A Aladdin alimenta todo o ecossistema de portfólio nos mercados públicos e privados por meio do eFront e da recente aquisição da Preqin. Essa plataforma em crescimento está mudando a BlackRock, transformando-a em uma empresa que atende às necessidades dos clientes e que tem mais de 20% da base da receita em produtos e serviços de longo prazo e menos sensíveis ao mercado. A combinação de receitas continuará mudando de modo orgânico à medida que mercados privados, tecnologia e soluções personalizadas apresentam o maior crescimento secular. Acreditamos que isso será convertido em um crescimento orgânico maior e mais durável, maior resiliência aos ciclos do mercado e valorização em longo prazo para os acionistas.
Os clientes adotaram nossa estratégia. Com nosso histórico de aquisições e integrações bem-sucedidas, aprofundamos o relacionamento dos clientes com a BlackRock. A franquia de ETF resultou em entradas líquidas recordes de US$ 390 bilhões, novamente nos tornando líderes do setor. Desde a aquisição da iShares, a BlackRock liderou na expansão do mercado de ETFs ao fornecer novas classes de ativos, como títulos ou criptomoedas, juntamente com produtos de investimento inovadores, como estratégias ativas em uma plataforma com mais liquidez e transparência.
Aproximadamente um quarto dos fluxos líquidos de ETF foram para produtos lançados nos últimos cinco anos. Os ETFs ativos resultaram em um fluxo líquido de US$ 22 bilhões em 2024, enquanto o ETP (produto negociado em bolsa) de Bitcoin da BlackRock com sede nos EUA foi o maior lançamento de produto negociado em bolsa da história, crescendo para mais de US$ 50 bilhões de AUM em menos de um ano. Além disso, ele foi o terceiro maior coletor de ativos em todo o setor de ETF, atrás apenas dos fundos de índice S&P 500. Estamos inovando em produtos e portfólios e acelerando a capacidade de distribuição para fornecer soluções de investimento diferenciadas.
As necessidades dos clientes estão impulsionando a consolidação do setor, e os investidores preferem cada vez mais a BlackRock devido à nossa capacidade como um provedor de ativos múltiplos e escalonado. Vemos isso nos canais de distribuição de riqueza: os portfólios de modelos gerenciados são a principal maneira pela qual os gestores de patrimônio buscam expandir as próprias práticas e atender melhor os clientes. A BlackRock tem um modelo de negócios líder do mercado, apoiado por nossos recursos com ativos múltiplos e produtos múltiplos. Também estamos trabalhando em nossa plataforma de patrimônio para fornecer ofertas cada vez mais personalizadas aos nossos parceiros consultores financeiros e seus clientes, inclusive por meio de contas gerenciadas separadamente (SMAs) personalizadas. Oferecemos SMAs de índice por meio da Aperio, que teve o quarto ano recorde em entradas líquidas consecutivo em 2024, com US$ 14 bilhões. No ano passado, adquirimos a SpiderRock Advisors, que oferece estratégias de sobreposição de opções com vantagens fiscais, para aumentar nosso conjunto de ofertas personalizadas no mecanismo de transmissão da política monetária.
Esses clientes incluem os maiores proprietários de ativos, planos de pensão e empresas do mundo, e eles estão aprofundando os laços com a BlackRock. Ao ampliar o relacionamento com a BlackRock, muitos desses parceiros corporativos veem efeitos de rede positivos nos seus negócios principais e para os acionistas. No ano passado, nossos clientes nos confiaram mais de US$ 120 bilhões em contratos de terceirização em escala.
A assessoria diferenciada e o potencial de geração alfa de nossas estratégias com gestão ativa continuam a se destacar entre os clientes, gerando mais de US$ 60 bilhões em entradas líquidas ativas em 2024. Em fluxos ativos, nossa franquia de ativos pré-datados, a LifePath, contratos de terceirização e estratégias de patrimônio ativas e sistemáticas baseadas em tecnologia e dados foram os líderes. Estamos entregando um desempenho de investimento de longo prazo e acreditamos que estratégias ativas fornecem vantagens em um ambiente que exige uma abordagem mais dinâmica para alocações.
Na renda fixa, os clientes estão recorrendo à BlackRock para explorar um ambiente com taxas de transição, o que gerou US$ 164 bilhões em entradas líquidas no ano passado. Temos uma oportunidade significativa de realocação de um valor recorde de US$ 10 trilhões mantido à margem, já que muitos investidores precisarão de rendimentos além dos 4% atualmente ganhos em contas do mercado monetário para atingir metas de longo prazo, como aposentadoria.
Nossos clientes continuam a aumentar as alocações para mercados privados como uma fonte de diversificação e potencial de geração alfa não correlacionado. As entradas líquidas de mercados privados de US$ 9 bilhões incluíram grande demanda por infraestrutura e estratégias de crédito privado. O feedback dos clientes sobre as aquisições recentes e planejadas da GIP e da HPS superou até mesmo nossas próprias altas expectativas, e esperamos que elas gerem entradas líquidas futuras significativas e crescimento de receita em 2025 e além.
Entregamos a tecnologia Aladdin aos clientes há pouco mais de 25 anos, e isso só foi feito após um forte debate interno sobre se deveríamos oferecê-la externamente. Foi uma boa decisão para a BlackRock e nossos clientes. No passado, fomos pioneiros com nossa ferramenta interna de gerenciamento de risco, e hoje ela é o sistema operacional mais abrangente e totalmente integrado do setor.
Assinamos alguns dos contratos mais significativos da história da Aladdin em 2024, e mais da metade das vendas da Aladdin incluíam vários produtos. A aquisição da Preqin, que foi concluída no início deste ano, adicionará recursos de dados de mercados privados à nossa oferta, com o objetivo de permitir mais transparência e, em última instância, maior capacidade de investimento nos mercados privados.
Nossa conectividade com os clientes está gerando resultados recordes, e estamos trabalhando em toda a plataforma para oferecer uma experiência ainda mais abrangente. Nossos negócios para crescimento estrutural, como ETFs, Aladdin, terceirização de portfólio completo, renda fixa, são as bases sólidas para atender os clientes e cumprir os objetivos de crescimento orgânico de 5% na taxa básica ao longo do ciclo. E em combinação com movimentos estratégicos em mercados privados e dados, posicionamos nossos negócios na vanguarda das oportunidades de mercado que acreditamos que definirão o futuro da gestão de ativos.
Impulsionando a próxima fase de crescimento
Como parte do trabalho contínuo para avaliar a estratégia de crescimento, nossa equipe de gestão e o Conselho avaliam ao longo do ano como serão as oportunidades de clientes e do setor no futuro. Por exemplo, daqui a cinco anos, em 2030, quais oportunidades impulsionarão o crescimento diferenciado? Como os clientes vão abordar as alocações e a geração de alfa no portfólio do futuro?
Acreditamos que o futuro do investimento terá mais integração entre classes de ativos e cada vez mais capacitação digital. Nossos clientes já estão fazendo isso. Eles estão combinando investimentos públicos e privados, ativos e de índice, e querem fazer tudo isso com dados e análises de primeira linha para entender melhor os portfólios. Estamos expandindo nosso conjunto de produtos e tecnologia em todo o portfólio para atender efetivamente os clientes nas novas fronteiras da gestão de ativos em constante evolução.
Quando adquirimos a BGI há 15 anos, nossa política de combinar investimentos ativos e de índice foi inovadora; hoje, a combinação de amplas exposições de mercado com portfólios orientados a resultados é um padrão do setor. Nossas ações inorgânicas no ano passado visam fazer o mesmo, conectando investimentos públicos e privados para os clientes. Com a GIP e, em breve, a HPS, combinaremos franquias escalonadas em infraestrutura e crédito privado com os recursos globais da nossa plataforma de mercados públicos. E a recente conclusão e integração da Preqin com a Aladdin e a eFront vão possibilitar que os clientes tenham dados mais padronizados e transparentes sobre os mercados privados.
Os ETFs são uma tecnologia comprovada que facilita o acesso ao investimento, desde investidores de varejo que estão em sua primeira incursão no mercado de ações até os maiores proprietários de ativos do mundo. O lançamento recente do ETP de Bitcoin é apenas último exemplo, oferecendo exposição à criptomoeda com eficiência e recursos de descoberta de preço de um wrapper de produto negociado em bolsa. Isso também é responsável por expandir nossa presença com mais investidores. Mais da metade da demanda pelo ETP de Bitcoin veio de investidores de varejo, e três quartos desses investidores nunca tiveram um produto iShares antes. E, neste ano, expandimos o acesso ao Bitcoin por meio de um wrapper conveniente negociado em bolsa com lançamento no Canadá e na Europa.
Da mesma forma, os ETFs estão facilitando a expansão da cultura de investimento na Europa. Quando investidores iniciantes começam a entrar nos mercados de capitais, geralmente é por meio de ETFs, em especial iShares. Apenas um terço dos europeus têm investimentos em mercados de capitais, em comparação com mais de 60% dos americanos. Eles não apenas não estão participando do potencial de crescimento oferecido pelos mercados de capitais mais amplos, mas com frequência também estão perdendo um rendimento real, pois as baixas taxas de juros em contas bancárias de poupança são superadas pela inflação. Estamos trabalhando com players estabelecidos e vários novos participantes na Europa, incluindo Monzo, N26, Revolut, Scalable Capital e Trade Republic, para reduzir as barreiras de investimento e aumentar o conhecimento financeiro em mercados locais. Com nossa plataforma de ETF europeia de mais de US$ 1 trilhão, maior do que as próximas cinco empresas do setor combinadas, temos uma grande oportunidade de aumentar as ofertas regionais e ajudar mais pessoas a atingirem as metas financeiras por meio dos mercados de capitais.
Também estamos preparando o terreno para o crescimento futuro, à medida que os países buscam construir os próprios mercados de capital. Já passei um tempo no Oriente Médio e na Ásia este ano, e o desenvolvimento de mercados de capital locais mais robustos e prósperos tem sido parte central de muitas das minhas discussões com líderes locais. Na Arábia Saudita, estamos fazendo parceria com o Fundo Público de Infraestrutura para incentivar o investimento e desenvolver ainda mais os mercados de capital locais. E na Índia, nossa joint venture Jio BlackRock está se preparando para lançar uma plataforma digital de gestão de ativos e patrimônio.
Retorno total anual composto desde o IPO da BlackRock até 31 de dezembro de 2024
Comemorando 25 anos como uma empresa pública, também estamos orgulhosos dos retornos diferenciados que entregamos aos nossos acionistas. Desde o IPO em 1999, geramos um retorno total anualizado de 21%, em comparação com 8% no S&P 500 e 6% no setor financeiro. Nossa estratégia ousada e investimentos coordenados são responsáveis por promover relacionamentos profundos com clientes e grandes retornos para os acionistas.

Source: S&P Global as of December 31, 2024. The performance graph is not necessarily indicative of future investment performance.
Termos os melhores talentos foi fundamental para décadas de crescimento e desempenho sustentado. Avaliamos regularmente a estratégia de contratação de talentos para garantir que estamos desenvolvendo líderes completos com ampla experiência em negócios. No início deste ano, promovemos vários líderes a novas funções na empresa.
Após 20 anos desenvolvendo vários negócios na BlackRock, Mark Wiedman decidiu buscar o próximo capítulo de sua carreira fora da empresa. Mark ajudou a moldar a BlackRock que conhecemos hoje, incluindo o trabalho como líder de iShares, Estratégia Corporativa e, mais recentemente, de Negócios Globais de Clientes. Ele é um grande amigo meu e sou pessoalmente grato a ele por suas contribuições para a empresa.
Estou orgulhoso da equipe de liderança unida que montamos, e nossas aquisições recentes e pendentes trarão um influxo de grandes talentos para nossa empresa. Em toda nossa plataforma, estamos posicionando a equipe para entregar valor para os clientes e levar os negócios para o futuro.
Nosso Conselho de Administração
O Conselho da BlackRock sempre foi essencial para nosso sucesso e crescimento. Eles também são fundamentais à medida que moldamos a estratégia futura e expandimos para novos mercados e negócios.
Todos os anos, revisamos a composição do Conselho para garantir que temos a quantidade certa de origens e experiência para aconselhar sobre as operações, estratégia e gestão da BlackRock. Ficamos felizes por receber Bayo Ogunlesi em nosso Conselho de Administração no outono passado, após a conclusão da aquisição da GIP. Já estamos nos beneficiando da vasta experiência dele com mercados privados conforme ampliamos a capacidade neste mercado em rápido crescimento.
Em março deste ano, o Conselho votou por unanimidade para nomear Gregory Fleming, CEO da Rockefeller Capital Management, e Kathleen Murphy, ex-presidente de Investimentos Pessoais da Fidelity Investments, para concorrer à eleição em nossa reunião anual. Greg e Kathy tem imensa experiência em serviços financeiros e gestão de patrimônio, e acredito que ambos fornecerão perspectivas diferenciadas ao Conselho.
Ao mesmo tempo, temos a sorte de ter Marco Antonio Slim Domit, que não concorrerá à reeleição este ano, como diretor da BlackRock. O serviço de Tony foi definido pela capacidade de usar sua experiência em investimentos em várias regiões para oferecer insights aguçados que melhoraram a tomada de decisões do Conselho e, em última análise, a própria BlackRock. Somos gratos pelo serviço dele e ele fará falta no Conselho e na equipe de liderança da BlackRock.
O Conselho da BlackRock continuará a orientar a empresa sobre como investir e inovar, sempre com o objetivo de atender melhor nossos clientes, funcionários e acionistas.
Quando abrimos o capital da empresa, acreditávamos na importância do crescimento e do aprofundamento dos mercados de capitais. Queríamos compartilhar nosso sucesso com mais pessoas que investiam para o futuro, incluindo nossos funcionários. Tudo isso continua sendo válido hoje. Começamos 2025 em nosso melhor momento, e vejo mais oportunidades do que nunca adiante para a BlackRock, para nossos clientes e para os acionistas.
Atenciosamente,
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Laurence Fink
Presidente e CEO


